O que pode afirmar a teologia calvinista para um individuo que cumpriu as 6 regras identificadas como sinal de eleição com total perseverança e compromisso com Deus e mesmo assim no final ele não teve a sorte de mérito de ser considerado eleito de Deus. Qual a explicação teológica que o calvinismo tem para esse individuo?
Teologia Valor Temporâneo
Dentro da teologia calvinista, a situação descrita — onde um indivíduo demonstra todos os sinais de eleição (fé em Cristo, transformação de vida, perseverança na fé, testemunho do Espírito Santo, amor a Deus e ao próximo, e confiança na Palavra de Deus) e ainda assim não é considerado eleito no final — não é considerada possível. A razão para isso é que a doutrina da Perseverança dos Santos assegura que aqueles que são verdadeiramente eleitos por Deus perseverarão até o fim e serão salvos.
Vamos detalhar como o calvinismo responde a essa questão:

1. A Perseverança dos Santos
A doutrina da Perseverança dos Santos (também conhecida como “segurança eterna”) é um dos cinco pontos do calvinismo e afirma que aqueles que Deus elegeu para a salvação serão preservados na fé até o fim.
- Filipenses 1:6: “Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus.”
- João 10:28-29: “Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão. Meu Pai, que as deu a mim, é maior do que todos; ninguém as pode arrancar da mão de meu Pai.”
Esses versículos são usados para sustentar a ideia de que Deus, que inicia a obra da salvação em um indivíduo, certamente a completará.
2. Os Sinais da Eleição São Evidências, Não Garantias Isoladas
Os sinais da eleição — como fé, transformação de vida e perseverança — são considerados evidências da eleição de Deus. Se uma pessoa demonstra esses sinais de maneira genuína, a teologia calvinista entende que isso é uma forte indicação de que essa pessoa é, de fato, eleita.
3. A Impossibilidade de Perder a Salvação para os Eleitos
Na perspectiva calvinista, a verdadeira salvação não pode ser perdida. Se alguém demonstra todos os sinais de eleição, mas “no final não teve a sorte de mérito de ser considerado eleito,” isso implicaria uma contradição dentro do sistema calvinista, porque os eleitos são preservados por Deus.
4. A Necessidade de Autêntica Conversão
A teologia calvinista também enfatiza a necessidade de uma conversão autêntica. Não é apenas uma questão de exibir certos comportamentos ou sinais externos, mas sim de uma transformação verdadeira do coração operada pelo Espírito Santo.
- Mateus 7:21-23: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’ Então eu lhes direi claramente: ‘Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!'”
Este versículo adverte que nem todos os que aparentam ser seguidores de Cristo são realmente conhecidos por Ele, implicando a importância da autenticidade da fé.
5. O Teste do Tempo e das Provações
A teologia calvinista reconhece que a fé verdadeira será testada pelo tempo e pelas provações. Aqueles que perseveram até o fim, apesar das dificuldades, demonstram a genuinidade de sua eleição.
- 1 João 2:19: “Eles saíram do nosso meio, mas na realidade não eram dos nossos; pois, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco. O fato de terem saído mostra que nenhum deles era dos nossos.”
Conclusão
Na visão calvinista, um indivíduo que demonstra genuinamente todos os sinais de eleição e persevera na fé até o fim é considerado eleito por Deus. A ideia de que alguém poderia cumprir esses critérios e ainda não ser considerado eleito contraria a doutrina da Perseverança dos Santos. Portanto, se uma pessoa mostra todos os sinais de eleição de maneira autêntica e persevera até o fim, essa pessoa é considerada eleita e a sua salvação está assegurada. Caso contrário, a teologia calvinista argumentaria que os sinais ou a perseverança não eram genuínos desde o início.
